Coronavírus: saiba as regras aprovadas pela Câmara para acessar o auxílio emergencial de R$ 600,00
Benefício será concedido a trabalhadores autônomos, desempregados e microempreendedores de baixa renda; proposta ainda precisa ser aprovada no Senado.
A
Câmara dos Deputados aprovou na quinta-feira um auxílio emergencial
de R$ 600 por mês para trabalhadores autônomos, desempregados e
microempreendedores de baixa renda, com objetivo de proteger
segmentos mais vulneráveis em meio à crise econômica gerada pela
pandemia do coronavírus.
Para
que o benefício entre em vigor, no entanto, a proposta ainda precisa
ser aprovada pelo Senado e receber sanção do presidente Jair
Bolsonaro.
O
texto aprovado pelos deputados prevê que o auxílio emergencial terá
duração inicial de três meses, podendo ser prorrogado por mais
três meses
A
proposta também estabelece que até dois membros da mesma família
poderão receber o benefício, somando uma renda domiciliar de R$
1.200. Já mulheres que sustentam lares sozinhas poderão acumular
dois benefícos individualmente.
A
proposta inicial do governo Bolsonaro, anunciada na semana passada,
era conceder R$ 200 por trabalhador autônomo. No entanto,
parlamentares passaram a defender um benefício maior, a partir de R$
500. Antes da votação, o Palácio do Planalto concordou em elevar o
auxílio para R$ 600.
Segundo
o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o valor maior é necessário
para permitir que os brasileiros deixem de trabalhar e fiquem em
casa, contribuindo para reduzir a transmissão do coronavírus na
população.
"A
proposta (inicial) do governo é pequena para aquilo que a população
precisa. Eu entendo o governo, que ainda trabalha com a questão do
impacto fiscal, mas, neste momento, não é o mais importante. O
importante é que todos nós, em conjunto, possamos gerar as
condições mínimas para que os brasileiros possam manter a
determinação do Ministério da Saúde, da OMS (Organização
Mundial de Saúde), dos Estados e das prefeituras (de ficar em
isolamento)", defendeu Maia, antes do governo aceitar o
benefício maior.
A
previsão do governo é que o auxílio atenda mais de 24 milhões de
pessoas, o que representará um gasto de ao menos R$ 14,4 bilhões
por mês.
Entenda
a seguir as regras aprovadas pela Câmara.
Quais
os requisitos para solicitar o auxílio?
Segundo
o texto aprovado na Câmara, terá direito ao benefício quem for
maior de 18 anos, não tiver emprego formal e não receber benefício
previdenciário (aposentadoria) ou assistencial (como o BPC).
Os
deputados estabeleceram também limites de renda para solicitação
do auxílio. Não poderão receber o benefício pessoas cuja renda
mensal total da família for superior a três salários mínimos (R$
3.135) ou que a renda per capita (por membro da família) for maior
que meio salário mínimo (R$ 522,50). Além disso, não terá
direito quem tenha recebido rendimentos tributáveis acima de R$
28.559,70 em 2018.
Que categorias de trabalhadores estão incluídas nesses critérios?
Auxílio emergencial valerá para quem for maior de 18 anos, não tiver emprego formal e não receber benefício previdenciário ou assistencial, entre outros critérios
BBC
NEWS BRASIL / Getty Image
Cumpridos
os requisitos acima, o texto aprovado pelos deputados prevê que
poderão solicitar o benefício inclusive trabalhadores registrados
como microempreendedor individual (MEI) e trabalhadores por conta
própria que contribuem de forma individual ou facultativa para o
INSS.
Não
poderão receber o auxílio trabalhadores com carteira de trabalho
assinada e funcionários públicos, inclusive aqueles com contrato
temporário.
Quem recebe Bolsa Família pode requisitar?
O
novo auxílio aprovado pela Câmara não poderá ser acumulado com o
Bolsa Família. No entanto, o beneficiário do programa poderá optar
por receber o auxílio emergencial no lugar do Bolsa Família, já
que o novo benefício tem valor maior.
Será preciso estar no Cadastrado Único?
A
ideia é que o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo
Federal (CadÚnico) seja usado para facilitar a liberação do
benefício, mas o texto aprovado na Câmara não estabelece o
cadastro como exigência para solicitar o auxílio.
O
Cadastro Único é um banco de dados do governo em que brasileiros
precisam estar registrados para receber benefícios como o Bolsa
Família e o BPC.
Como a renda será verificada?
A
renda familiar que será considerada é a soma dos rendimentos brutos
dos familiares que residem em um mesmo domicílio, exceto o dinheiro
do Bolsa Família.
A
renda média da família será verificada por meio do CadÚnico para
os inscritos no sistema. Os não inscritos farão autodeclaração
por meio de uma plataforma digital.
Segundo
o deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG), autor do projeto de lei que foi
adaptado pelos deputados para criação do auxílio emergencial, o
governo federal tem ferramentas para cruzar dados e checar se a renda
do solicitante se enquadra nos limites do programa.
Como o benefício poderá ser solicitado?
O
texto prevê que o governo federal deverá regulamentar como o
benefício será concedido. O ministro da Economia, Paulo Guedes,
disse na semana passada que a ideia é usar a Caixa Econômica
Federal para operacionalizar a distribuição do auxílio.
"A
Caixa Econômica Federal tem 26 mil postos de atendimento. Já estão
sendo preparados", afirmou, em entrevista ao portal de notícias
Poder 360.
Limite de benefício por família?
O
texto aprovado prevê que até duas pessoas por família poderão
receber o benefício, limitando o auxílio a R$ 1.200 por núcleo
familiar. No entanto, mulheres que sustentam suas famílias sozinhas
poderão acumular individualmente dois benefícios.
Duração do benefício?
A
proposta aprovada na Câmara estabelece duração inicial de três
meses, havendo possibilidade de o governo prorrogar por mais três
meses durante o período de enfrentamento emergencial do coronavírus.
E o salário dos trabalhadores formais?
Com
a paralisação de diversas atividades econômicas no país devido à
quarentena imposta a boa parte da população, empresas terão forte
redução de receitas e podem ter dificuldade para pagar salários.
Por isso, o governo prepara regras emergenciais que permitirão a
redução temporária de salários.
Bolsonaro
chegou a editar uma Medida Provisória no domingo que permitia
suspender salários de empregados com carteira assinada por até
quatro meses, sem qualquer compensação aos trabalhadores. O
presidente recuou da medida após fortes críticas e o Ministério da
Economia trabalha em outra proposta em que o governo garantirá uma
renda mínima às pessoas afetadas.
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